Exército tem Mugabe e a mulher sob custódia e controla a capital
Bissau, 15 Nov 17 (ANG) - O exército do Zimbabué
anunciou hoje que tem sob custódia o Presidente e a mulher, controla os
edifícios oficiais e patrulha as ruas da capital, após uma noite de agitação
que incluiu a tomada da televisão estatal.
A acção dos militares gerou especulação quanto a um
golpe de estado, mas os apoiantes dos militares disseram tratar-se de uma
“correção sem derramamento de sangue”, escreve a Associated Press.
Soldados armados em veículos blindados estão hoje
estacionados em pontos-chave da cidade de Harare, enquanto os residentes formam
longas filas nos bancos para levantar dinheiro, uma operação de rotina num país
em crise financeira.
As pessoas olham para os seus telefones para ler
sobre a tomada do exército, enquanto outros se deslocam para o trabalho ou para
as lojas.
Num discurso à nação após a tomada do controlo da
televisão estatal, o major general Sibusiso Moyo disse esta madrugada que o
objectivo da acção são os “criminosos” que rodeiam o Presidente, Robert Mugabe,
e que os militares pretendem assegurar que a ordem do país é restaurada.
Não foi divulgado o paradeiro de Robert Mugabe, de
93 anos, e da sua mulher, Grace Mugabe, de 52, mas o casal estará alegadamente
sob custódia. “A sua segurança está garantida”, disse Moyo.
“Nós desejamos deixar bem claro que isto não é um
golpe militar”, disse.
“Estamos apenas a visar criminosos em torno dele
[Robert Mugabe] que cometem crimes que estão a causar sofrimento económico e
social no país, de modo a levá-los à justiça”, afirmou o exército através dos
‘media’ estatais.
“Assim que tivermos cumprido a nossa missão, esperamos
que a situação volte à normalidade”, acrescentou Moyo.
O porta-voz do exército pediu às igrejas para
rezarem pelo país e instou as outras forças de segurança a “cooperarem para o
bem da nação”, advertindo que “qualquer provocação terá uma resposta adequada”.
Todas as tropas receberam ordens para retornarem ao
quartel imediatamente, disse Moyo. A transmissão da televisão passou da sede da
ZBC para perto de um subúrbio de Harare, em Borrowdale.
Durante a noite, pelo menos três explosões foram
ouvidas na capital, Harare, e veículos militares foram vistos nas ruas.
A embaixada dos Estados Unidos está hoje fechada ao
público e encorajou os cidadãos a procurarem refúgio, citando “a continuada
incerteza política ao longo da noite”.
A embaixada britânica emitiu um aviso similar,
citando “relatórios de actividade militar invulgar”.
O Zimbabué vive pela primeira vez uma divergência
aberta entre o Presidente, que dirige o país desde 1980, e o exército.
A tensão escalou na semana passada depois de Mugabe
ter despedido o seu vice-presidente e aliado de longa data, Emmerson Mnangagwa,
de 75 anos, que tinha estreitas ligações com os militares.
Na segunda-feira, o chefe das Forças Armadas, o
general Constantino Chiwenga, condenou a demissão do vice-presidente do país, e
avisou que o exército poderia “intervir” se não acabasse a “purga” dentro do
Zanu-PF, partido no poder desde a independência do Zimbabué, em 1980.
O partido Zanu-PF, de Mugabe, reagiu no dia
seguinte ao aviso sem precedentes, acusando o chefe das Forças Armadas de
“conduta de traição”, afirmando que as críticas do general Constantino Chiwenga
se destinavam “claramente” a perturbar a paz nacional e demonstravam uma
conduta de traição, “já que foram feitas para incitar à sublevação”.
Mnangagwa, há muito considerado o delfim do
Presidente, foi humilhado e demitido das suas funções e fugiu do país após um
braço-de-ferro com a primeira-dama, Grace Mugabe.
Figura controversa conhecida pelos seus ataques de
cólera e dirigente do braço feminino do partido do marido, Grace Mugabe tem
muitos opositores, tanto no partido, como no Governo.
Com este afastamento, fica na posição ideal para
suceder ao marido, que, apesar da idade avançada e da saúde frágil, foi nomeado
pela Zanu-PF como candidato às eleições presidenciais de 2018.
ANG/Inforpress/Lusa
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