Estudantes em Marrocos
dizem-se “ignorados e pedem novo cônsul
Bissau, 05 dez 18 (ANG) - Os 108 estudantes cabo-verdianos em Marrocos
dizem-se “ignorados” pelas autoridades cabo-verdianas e pedem nomeação de um
novo cônsul do arquipélago nesse país que seja “mais presente” e tenha maior
disponibilidade para apoiar os alunos.
O presidente da Associação dos Estudantes em Marrocos, Helton
Lopes, disse à Inforpress em Rabat, que os alunos não têm recebido “qualquer
atenção” tanto da Embaixada de Cabo Verde em Dakar, para onde devem encaminhar
as suas preocupações, nem tão pouco do Ministério da Educação (ME) que, através
da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), “só se lembra” desta associação
apenas por ocasião do envio dos “novatos” (novos alunos) para os apoiar na
integração.
Conforme explicou, para complicar ainda mais a situação, o
cônsul de Cabo Verde nesse país, um cidadão de nacionalidade marroquina, “nem
sempre tem a disponibilidade para dar aos estudantes o suporte de que eles
precisam”.
“Os nossos deputados, quando visitam Marrocos, ou nos contactam
em cima da hora ou muitas vezes não se lembram dos estudantes”, lamentou Helton
Lopes, para quem os principais problemas que os estudantes enfrentem nesse país
do Magrebe prende-se, essencialmente, com a sua integração e com o atraso no
envio dos processos da parte da DGES, o que condiciona os alunos em relação ao
início das aulas, além de atrasar a atribuição de bolsas.
De acordo com este responsável, a demora no envio dos documentos
dos alunos que chegam pela primeira vez a Marrocos, impede-os de iniciarem,
atempadamente, as aulas de língua francesa, situação que acaba por prejudicar
os estudantes que, muitas vezes, são obrigados a escolher uma outra formação
que não seja aquela que escolheu inicialmente.
Outra situação que preocupa esta associação, segundo o seu
representante, prende-se com o atraso no envio dos processos de pedidos de
bolsas ao Governo marroquino, por parte do ME.
“Os pedidos de bolsa ao Governo de Marrocos são feitos através
do ME, mas os processos demoram a chegar à Agência Marroquina de Cooperação
Internacional (AMCI) e isso cria constrangimentos sérios aos estudantes”,
sublinhou Helton Lopes, realçando que os alunos ficam “desorientados” com todo
esse estado de coisas.
Além disso, há necessidade de o ME preparar os estudantes antes
de chegarem ao Marrocos, aproveitando os “anciões” (os que terminaram estudos)
para realizarem palestras, sessões de esclarecimentos aos “novatos” que chegam
àquele país sem nenhuma “ideia” acerca da realidade marroquina e dos problemas
que os esperam.
Através da Ficase (Fundação de Acção Social Escolar), o Governo
de Cabo Verde atribui, trimestralmente, uma bolsa aos estudantes, estimada em
16 mil escudos, mas, no entender deste líder associativo, a bolsa é atribuída
“sem critérios”.
“A associação dos estudantes já pediu explicações sobre isso à
Ficase, mas ainda não obteve nenhuma resposta. Queremos saber porque é que uns
recebem e outros não”, adiantou, informando que por parte da AMCI, a bolsa
atribuída de 1.500 DH (15 mil escudos) de dois em dois meses, “apenas dá para
pagar a renda”.
Daí a necessidade de o ME negociar com a congénere marroquina o
aumento do número dos estudantes nas residências estudantis.
Segundo o presidente da Associação dos Estudantes em Marrocos,
seria necessário que Cabo Verde pensasse em colocar um novo representante
diplomático nesse país que seja “mais presente”, já que “muitas vezes” há
situações que ultrapassam a capacidade de intervenção desta associação.
“Há certas situações em que precisamos das intervenções das
autoridades cabo-verdianas. Nunca contamos com a Embaixada de Cabo Verde em
Dakar. Há responsabilidades que ultrapassam a própria associação”, explicou
Helton Lopes, informando que por falta de recursos, esta associação, que conta
apenas com a quotização dos estudantes, tem estado “sufocada” quando se trata
de apoiar os alunos.
“Ao contrário dos estudantes de outros países, não temos
recebido nenhum apoio por parte das autoridades cabo-verdianas”, notou este
responsável, que insiste na necessidade de Cabo Verde colocar em Marrocos um
representante que tenha “maior disponibilidade” para apoiar os alunos, que
vivem naquele país africano”, concluiu.
ANG/Inforpress/Fim
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