segunda-feira, 3 de outubro de 2022

                     Burkina Faso/ Damiba aceita apresentar demissão

Bissau,03 out 22(ANG)  - A situação continua confusa no Burkina Faso,  que é palco de um segundo golpe de Estado militar no espaço de oito meses.

O novo chefe da junta militar que tomou o poder na sexta-feira, o Capitão Ibraim Traoré apelou no Domingo ao fim das violências e do vandalismo contra a França, depois de terem sido atacadas no Sábado a embaixada francesa na capital.

Na tarde de domingo, o tenente-coronel Paul-Henri Damiba concordou em assinar a sua carta de demissão.

O anúncio foi feito numa declaração conjunta pelos líderes das comunidades religiosas e tradicionais que mediaram entre os dois lados. O agora ex-chefe da junta militar burquinabê deixou o país e foi para Lomé, capital do Togo, onde foi recebido pelo presidente Faure Gnassingbé, que aceitou participar da mediação.

Milhares de manifestantes que apoiam o novo chefe da junta militar, o Capitão Ibrahim Traoré, reuniram-se novamente em frente à embaixada francesa no Burkina Faso na manhã de domingo. Barreiras de protecção foram incendiadas e foram atiradas pedras para dentro do edifício. Granadas de gás lacrimogéneo foram disparadas de dentro da embaixada para as dispersar.

O sentimento dos manifestantes foi inflamado após as acusações dos militares, que afirmaram que o antigo líder da junta se tinha refugiado na base Kamboinsin, onde soldados franceses estão a treinar o exército do Burundi, e de onde estaria supostamente a preparar uma "contra-ofensiva".

Estas violências foram firmemente condenadas pelo chefe da diplomacia francesa, que no Sábado, também desmentiu qualquer implicação nos acontecimentos no país, negando pela mesma ocasião acolher nas suas bases o tenente-coronel Damiba, antigo homem forte destituído com o novo golpe. Declarações reforçadas pelo novo chefe da junta militar que disse que a "França não tem interesse em intrometer-se" nos assuntos do país.

"Uma contra-ofensiva, sim. Apoiada pela França, penso que não. Existe uma base chamada Kamboinsin, onde se encontra uma base francesa. Quando transferimos alguém para esta base, dizemos “a base militar francesa de Kamboinsin”. A França não pode interferir nos nossos assuntos, a França não tem qualquer interesse em apoiar um indivíduo que hoje se encontra num confronto. Além disso, a França não tem legitimidade para interferir directamente nos nossos assuntos, e nós sabemos disso. Nós respeitaremos a França se eles respeitarem isto. Se hoje temos outros parceiros que nos podem apoiar, não vejam necessariamente a Rússia, mas outras potências. Os americanos são agora nossos parceiros, e também podemos ter a Rússia como parceiro, por isso não se trata da França ou de um problema da Rússia e do Wagner", disse.

Numa mensagem publicada na página do Facebook da presidência, e autenticada por um colaborador do Tenente-Coronel Damiba, que não fala publicamente desde o golpe de Estado, o agora ex-chefe da transição nega se ter refugiado no campo de Kamboinsin: "Isto não é mais do que uma intoxicação para manipular a opinião", "apelo ao Capitão Traore e à companhia para que voltem à razão para evitar uma guerra fratricida de que o Burkina Faso não precisa.

 

O Capitão Ibrahim Traoré, assegura que a situação está sob controlo e que "as coisas estão gradualmente a voltar à ordem". Apelou também à população a permanecer calma e contida, e a abster-se de quaisquer actos de violência e vandalismo, particularmente contra a embaixada francesa ou a base militar francesa em Kamboinsin.

Enquanto os manifestantes permanecem nas ruas, o novo chefe da transição desfilou nas ruas de Ouagadougou, capital do país, onde foi recebido e aclamado por milhares de simpatizantes.ANG/RFI

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