Prémiol/Americanos recebem Nobel de
Economia pelo seu trabalho sobre crises financeiras
Bissau, 11 Out
22 (ANG) - O prémio Nobel de economia foi atribuido, segunda-feira, aos
estudiosos americanos Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig e o antigo
presidente da reserva federal americana entre 2006 e 2014 -durante a crise das
subprime de 2008- Ben S. Bernanke, pelo seu trabalho sobre os bancos e as
crises financeiras.
O prémio instituído pelo Banco Central da
Suécia, denominado como o "Nobel" da economia, foi atribuído segunda-feira aos estudiosos americanos pela "melhoria
significativa da compreensão do papel dos bancos na economia, principalmente
durante as crises financeiras", considerou a Academia Sueca de Ciências destacando
nomeadamente que "uma das conclusões do seu trabalho foi
mostrar por que motivo é essencial evitar o colapso dos bancos."
Ainda a propósito do trabalho desenvolvido
pelos estudiosos americanos, foi dado particular relevo ao contributo de Ben
Bernanke que esteve na chefia da FED durante o período da crise financeira
provocada pela falência do Banco de Investimentos Lehman Brothers em 2008. "Num artigo
de 1983, Ben Bernanke mostrou, com base em análises estatísticas e fontes
históricas, que os movimentos de pânico bancário levaram a falências bancárias
e que este mecanismo transformou na década de 1930 uma recessão bastante comum
numa depressão, a mais aparatosa e a mais grave que se viu na história
moderna", salientou John Hassler, membro do comité do Prémio Nobel
de Economia.
Reagindo à atribuição do Nobel de Economia
a Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig e a Ben S. Bernanke, o estudioso de
origem portuguesa Carlos Vinhas Pereira, professor de Finanças na Universidade
Paris Dauphine considera que se trata de "é uma nomeação de circunstância porque
muitos especialistas estão a prever uma recessão e uma nova crise
financeira".
Para Carlos Vinhas Pereira "o trabalho
que estas três pessoas fizeram está completamente adaptado ao que se pode
passar" na medida em que foi precisamente desenvolvido em
torno da "solidez
dos bancos e da necessidade de reforçar ainda mais o ratio desses bancos para
poder salvaguardar tanto os clientes como também as economias dos países onde
eles estão sediados", pistas que acabaram por ser exploradas depois
de 2008, com o estabelecimento de algumas regras mais estritas no funcionamento
dos bancos.
Questionado sobre o risco de um novo
período de crise, quando assistimos já às consequências da guerra na Ucrânia em
termos de aumentos de preços, e quando assistimos igualmente às dificuldades do
banco de investimento 'Crédit Suisse' que está perante uma restruturação que
provoca nervosismo nos mercados financeiros, Carlos Vinhas Pereira prefere
mostrar-se sereno.
"Estamos a assistir às dificuldades de um banco que pode depois
ter um grande impacto sobre o resto dos bancos. Esperemos que não seja o caso
mas é verdade que com esta subida das taxas, a crise ucraniana e a inflação é
um conjuntura que não estava prevista e há uma grande probabilidade de termos
uma crise", considera o universitário referindo
contudo que "não terá a mesma importância que aquela das subprime porque
aquilo era realmente activos tóxicos. Aqui não podemos falar de activos
tóxicos".
Com a atribuição nesta segunda-feira do
Prémio Nobel da Economia, fecha-se o período de atribuição destes importantes
galardões para o ano de 2022. Na semana passada, o Nobel de medicina foi
atribuído ao sueco Svante Pääbo, o prémio de física foi concedido ao francês
Alain Aspect, ao americano John F. Clauser e ao austríaco Anton Zeilinger, o
Nobel de química foi atribuído à americana Carolyn R. Bertozzi, ao seu
compatriota K. Barry Sharpless e a Dane Morten Meldal.
Nos últimos dias, foram igualmente
galardoados com o Prémio Nobel da Paz o activista bielorrusso Ales Bialiatski,
assim como a ONG russa de Defesa dos Direitos Humanos 'Memorial' e o Centro
Ucraniano para as liberdades civis. O Nobel de Literatura 2022, por seu turno,
foi atribuído à escritora francesa Annie Ernaux. ANG/RFI
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