segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Caso África FM


Direcção da Rádio pede intervenção do Conselho Nacional de Comunicação Social para evitar encerramento das emissões

Bissau,21 Out 19(ANG) – A direcção da Rádio África FM solicita a assistência e  intervenção do Conselho Nacional de Comunicação Social(CNSC), para evitar o enceramento daquela estação emissora no âmbito de um litígio que a opõe a Administração da Autoridade Reguladora Nacional das Tecnologias de Informação e Comunicação(ARN-TIC).
Aspecto do estúdio da Radio África FM

Uma reunião de mediação no CNCS foi hoje adiada para terça-feira por razões relacionadas a agenda do Presidente do Conselho de administração da ARN-TIC.

Numa carta/denúncia, à que a ANG teve acesso hoje, dirigida ao CNCS , a  direcção da rádio Africa FM considerou de “arbitrariedades” as exigências da ARN-TIC, de a rádio regularizar o seu funcionamento passando a operar com base numa licença definitiva, visto que a actual, válida por 90 dias, já se caducou.

Em causa também está o funcionamento dos centros de retransmissão da Rádio instalados em Buba, Bafatá e Canchungo, que segundo a ARN-TIC funcionam sem autorização legal .
Numa carta/denúncia dirigida ao CNCS, o diretor da Rádio África FM,Abduramane Turé queixou-se que a ARN-TIC deu-lhe no pasado dia 14, 48 horas para encerrar os centros de retransnissão da Rádio instalados em Bafatá, Buba e Canchungo.

 E que ainda esta instância reguladora das frequências radiofónicas deu a direção da Radio África FM, 10 diaz para passar a funcionar com base numa licença definitiva, visto que a licença provisória de 90 dias , ao abrigo da qual operava, já teria expirado.

De acordo com a notificação do Conselho de Administração da ARN-TIC à Direcção da Rádio África FM,  esta estação emissora foi autorizada para a detenção e instalação provisória de equipamentos de radiocomunicações em Bissau, por um período de 90 dias a contar da data de recepção do ofício datado de 06 de Agosto de 2018.

A nota da ARN-TIC acrescenta  que findo o período experimental, a continuidade da emissão ficou condicionada ao requerimento de um licenciamento definitivo.

“.....esse prazo foi largamente ultrapassado, sem que a estação emissora África FM se digne em proceder em conformidade com as recomendações desta autoridade”, diz a ARN –TIC.

O documento refere ainda que a autorização de instalação e emissão  abrange exclusivamente à cidade de Bissau, não obstante existir reservas para estações retransmissoras em Bafatá, Buba e Canchungo,  condicionadas a apresentação de um projecto e respetivo pagamento da licença, o que não chegou de acontecer.

Acontece que, prosseguiu a nota da ARN-TIC que durante todo esse período , a estação Rádio África FM emite em Bafatá e Buba com excepção de Canchungo à revelia daquilo que foi autorizada.

O director da Rádio África FM, Abduramane Turé diz na carta/resposta  ao Conselho Nacional de Comunicação Social, tratar-se de  “encruzilhadas da ARN-TIC ,dirigida por um alto dirigente do PAIGC, partido no poder”, e que é “o culminar de um longo esquema orquestrado contra esta estação emissora para silenciá-la”.

Turé alegou ainda na carta/resposta que o Primeiro-ministro, Aristides Gomes e o líder do PAIGC Domingos Simões Pereira, fizeram várias declarações públicas contra a Rádio África FM acusando-a de fomentar tribalismo, sem no entanto apresentarem provas concretas.

A carta ainda sustenta  que, no dia 2 de Abril de 2019, o Governador da região de Bafatá, Dundu Sambú alto dirigente do partido no poder, acompanhado de forças policiais, encerrou de forma abusiva e ilegal, o centro retransmissor da rádio África FM naquela zona leste do país.

Abduramane Turé ainda diz que na senda do que diz ser “planos maquiavélicos para silenciar uma voz crítica”, na qualidade de  director da África FM, foi ouvido na Polícia Judiciária no dia 12 de Julho de 2019, na sequência de uma queixa apresentada pelo Primeiro-ministro, Aristides Gomes.

E  alega que  os factos acima elencados comprovam que a África FM incomoda o partido no poder e por conseguinte têm um plano concreto para a silenciar.

Sustenta por fim que no país existem mais de 30 estações emissoras mas que nenhuma delas possuem uma licença definitiva, o que , segundo ele, vem provar o caracter político desta medida administrativa da ARN-TIC, que para Turé não só constitui  um ataque vergonhoso à liberdade de imprensa, mas também uma infeliz tentativa de instaurar a ditadura e limitar o exercício de cidadania responsável no país. ANG/ÂC//SG


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