“Capacidade humana no combate
ao crime supera dificuldades
organizativas”, diz João Campos
Bissau, 21 out 19 (ANG) - O coordenador do Projecto de Apoio à
Consolidação do Estado de Direito afirmou hoje que as apreensões de droga na
Guiné-Bissau e a recuperação de activos em Angola demonstram que a capacidade
humana ultrapassa as dificuldades organizativas dos países.
João Pedro Campos falava à agência Lusa à
margem da Formação de Especialistas em Organização e Gestão da Justiça
Criminal, que começou hoje em Lisboa, e que até quinta-feira junta juízes,
procuradores, polícias de investigação criminal e oficiais de justiça de
Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
No início de Setembro, a Polícia
Judiciária (PJ) da Guiné-Bissau realizou a maior apreensão de sempre de cocaína
na história do país: 1.605 quilogramas de cocaína, num total de 1.869
quilogramas de droga confiscados na operação “Navarra”.
Por seu lado, a directora dos Serviços
de Recuperação de Activos da Procuradoria Geral da República (PGR) angolana
anunciou, que o Estado angolano já tinha recuperado 2,3 mil milhões de dólares
(2.090 milhões de euros) e cerca de mil milhões de dólares (909 milhões de
euros) em património do Fundo Soberano de Angola.
Dentro do país, foram resgatados 2.400
milhões de kwanzas (6,5 milhões de euros), 19,3 milhões de dólares (18,9
milhões de euros) e uma pequena quantia de 143 euros.
Estes exemplos de sucesso do combate ao
crime organizado foram enaltecidos por João Pedro Campos, que destacou a
desigualdade de recursos entre os países e as redes criminosas.
Ainda assim, referiu, “a capacidade
humana existente é muito positiva”.
Estas acções, prosseguiu, não seriam
muito fáceis de esperar “se não existisse a capacidade de conhecimento e
sensibilidade para lutar contra este tipo de crime”.
Em relação aos países de origem dos
participantes na formação, João Pedro Campos disse que têm “denominadores
comuns”, embora a acção leve em conta as realidades dos países.
“Se conseguirmos ter ao nosso dispor
formadores do mais alto nível, a transmissão de conhecimentos é muito grande
porque estes profissionais têm grandes conhecimentos sobre o que é preciso
fazer”, adiantou.
Sobre os formandos, afirmou: “Estão
sensibilizados, sabem como combater, mas as respostas são diferenciadas”.
A Formação de Especialistas em
Organização e Gestão da Justiça Criminal reúne juízes, procuradores, polícias
de investigação criminal e oficiais de justiça de Angola, Guiné-Bissau,
Moçambique e São Tomé e Príncipe (Cabo Verde e Timor-Leste já concluíram as
respectivas formações) e pressupõe ainda o contacto com instituições
judiciárias e de investigação criminal portuguesas.
Esta acção resulta de uma parceria entre
o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, o Centro de Estudos Judiciários
(CEJ), a Escola de Polícia Judiciária (EPJ), o Conselho Superior de
Magistratura (CSM) e o Ministério Público de Portugal, através do PACED –
Projecto de Apoio à Consolidação do Estado de Direito nos PALOP (Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e Timor-Leste. ANG/Inforpress/Lusa
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