Mulheres se manifestam contra Presidente
Alpha Condé
Bissau,
24 out 19 (ANG) - Centenas de mulheres manifestaram-se na quarta-feira pelas
ruas da capital da Guiné-Conacry contra a possibilidade do Presidente do país,
Alpha Condé, concorrer a um terceiro mandato, seguindo a linha de protestos que
dura há mais de uma semana.
Cerca de 400 mulheres, a
maioria vestida de branco, iniciaram a marcha ao final da manhã desde
Hamdallaye, um bairro em Conacri com forte apoio da oposição, até ao Estádio 28
de Setembro, de acordo com a agência France-Press.
Na marcha, as
participantes gritavam "justiça pelos nossos mártires" e "morte aos
assassinos dos nossos filhos", carregando ainda cartazes em que pediam a
libertação dos seus líderes "injustamente condenados".
"Marchamos contra
esses assassínios e pedimos a Alpha Condé que saia agora", explicou um dos
manifestantes, citado pela mesma fonte.
A Frente Nacional de
Defesa da Constituição (FNDC), que reivindica as manifestações, pediu protestos
e a paralisação da economia a partir de 14 de Outubro, como forma de bloquear
um possível terceiro mandato para Alpha Condé, em 2020.
Respondendo ao apelo,
Conacry e outras várias cidades guineenses foram palco de violentos confrontos
na semana passada, durante os quais morreram oito manifestantes (dez, de acordo
com a oposição) e um membro das forças de segurança.
Na terça-feira, cinco
membros da oposição foram condenados a penas de prisão superiores a seis meses,
sendo que a mais pesada - um ano - foi aplicada ao líder da FNDC, Abdourahamane
Sanoh.
O Governo anunciou que
esta marcha foi autorizada pelas autoridades "de acordo com os textos
relativos ao exercício dos direitos fundamentais, incluindo a liberdade de
manifestação".
No entanto, o executivo de
Alpha Condé relatou ter informações "consistentes e persistentes"
sobre infiltração de pessoas "determinadas a perturbar a ordem pública
através de violência".
Para esta quinta-feira, a
FNDC marcou uma "grande marcha pacífica", também esta autorizada pelo
Governo guineense.
A Guiné-Conacry
encontra-se numa crise política alimentada pela vontade de o Presidente do
país, Alpha Condé, se recandidatar a um terceiro mandato em 2020, alterando,
para isso, a Constituição.
Em Janeiro deste ano,
Alpha Condé prolongou o mandato do parlamento guineense até que uma nova
legislatura tomasse posse, numa data não especificada.
Em 23 de Setembro, Alpha
Condé referiu-se à decisão de realizar na Guiné-Conacry um referendo que
possibilite uma alteração constitucional por forma a alargar o número de
mandatos presidenciais, actualmente de cinco anos, renovável uma vez, e lhe
permita candidatar-se ao cargo, cujo mandato expira em Dezembro de 2020.
Alpha Condé chegou ao
poder em 21 de Dezembro de 2010 após vencer a segunda volta das presidenciais
contra o ainda principal líder da oposição, Cellou Dalein Diallo, e foi
reeleito em Outubro de 2015. ANG/Angop
Sem comentários:
Enviar um comentário