Bissau,23
Out 19(ANG) - O Presidente da República cessante, José Mário Vaz, assegurou
terça-feira que as forças de defesa e segurança vão garantir a estabilidade no
país e disse que qualquer perturbação da "ordem vigente" é da
responsabilidade do governo.
"Num
momento em que algumas personagens da cena política parecem ter perdido a força
da razão e das ideias e se preparam para agir de forma menos democrática, o
chefe de Estado assegura aos guineenses que as Forças Armadas e de Segurança
saberão estar à altura da situação e assegurarão a estabilidade, a paz e a
tranquilidade dos guineenses que conquistámos nos últimos cinco anos", refere José Mário Vaz, num comunicado terça-feira
divulgado à imprensa.
Na nota,
o chefe de Estado reitera o seu compromisso de "defender a Constituição e
as leis, a independência e a unidade nacionais, cumprindo com total fidelidade
os deveres" da função para que foi eleito.
"Perante o avolumar de casos e situações que contribuem perigosamente para
a rutura da paz social, o governo deve assumir a responsabilidade plena pelos
seus atos e pela forma fraturante como vem conduzindo matérias tão sensíveis e
determinantes para o futuro do nosso país", lê-se no comunicado.
O
presidente referia-se à questão das correções dos cadernos eleitorais, que tem
sido fortemente criticada pela oposição, mesmo depois de o primeiro-ministro ter explicado que só serão incluídas se a
plenária da Comissão Nacional de Eleições, na qual estão representados os
candidatos às eleições presidenciais, concordar.
O assunto
também já foi abordado pela Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise na Guiné-Bissau, e por uma missão
conjunta internacional, que recomendou a utilização nas eleições presidenciais
dos cadernos eleitorais utilizados nas legislativas de março passado, salvo
consenso político de todos os intervenientes e por escrito.
"Qualquer
perturbação da ordem vigente será, por isso, da exclusiva responsabilidade do
Governo. Não é hora de se tocar tambores com facas", sublinhou o Presidente guineense.
Ainda
sobre a atualização dos cadernos eleitorais e relembrando as recomendações da
CEDEAO, o Presidente guineense insistiu que é "fundamental o respeito
daquele princípio para que o processo eleitoral seja transparente e para o bem
de todos os guineenses".
"Também
a forma como se procedeu ao sorteio do posicionamento dos candidatos no boletim
de voto não contribui para a desejada transparência do processo
eleitoral", considerou.
No
sábado, a Comissão Nacional de Eleições procedeu ao sorteio da posição do
boletim de voto dos candidatos sem a presença das candidaturas de José Mário
Vaz, Umaro Sissoco Embaló, Nuno Nabian e Carlos Gomes Júnior.
Terça-feira
a CNE decidiu que para as presidenciais de novembro serão utilizados os mesmos
cadernos eleitorais que haviam sido utlizados nas legislativas de março passado.
As
eleições presidenciais na Guiné-Bissau realizam-se a 24 de novembro, estando a
segunda volta, caso seja necessária, marcada para 29 de dezembro.
A
campanha eleitoral, na qual vão participar os 12 candidatos aprovados pelo
Supremo Tribunal de Justiça, vai decorrer entre 2 e 22 de novembro.
Aristides
Gomes denunciou segunda-feira à noite, numa publicação na sua página do
Facebook, uma tentativa de golpe de Estado para procurar impedir a realização
de eleições presidenciais.
Na publicação, o primeiro-ministro revela também que o
autor daqueles atos "está devidamente identificado de forma
inequívoca e chama-se Umaro Sissoco Embaló".
Umaro Sissoco Embaló, antigo primeiro-ministro guineense e dirigente do
Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), e candidato às eleições
presidenciais, já disse que as acusações do primeiro-ministro são
"mentira e calúnia". ANG/Lusa
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