Casa Branca
impede testemunho-chave para impeachment contra Trump
Bissau, 09 out 19 (ANG) - A Casa Branca intensificou terça-feira (8) o confronto com os democratas
no Congresso norte-americano, impedindo que o embaixador dos Estados Unidos na
União Europeia testemunhasse durante a investigação de um procedimento
explosivo de impeachment contra Donald Trump.
Trump
justificou essa decisão chamando as audições realizadas pelos congressistas da
posição no caso dos vazamentos ucranianos como um “falso tribunal”.
“Eu adoraria enviar o embaixador Sondland, um homem
muito bom e um grande norte-americano, para testemunhar, mas infelizmente ele
testemunharia diante de um falso e totalmente tendencioso”, tuitou Trump.
Para os democratas, a ausência do embaixador na manhã
desta terça-feira, um "ator-chave" no caso ucraniano, e o fato de ele
não ter entregue os documentos esperados, tudo isso representaria "novas
evidências fortes de um obstáculo às funções constitucionais do
Congresso", respondeu Adam Schiff, presidente do poderoso Comitê de
Inteligência da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.
Foi o Departamento de Estado dos EUA que pediu ao
embaixador para "não comparecer hoje" na audição na Câmara, segundo
seu advogado Robert Luskin, que não especificou os motivos dessa decisão. Vindo
de Bruxelas a Washington especialmente para esse depoimento, Gordon Sondland
"espera que as questões levantadas pelo Departamento de Estado" para
impedi-lo de testemunhar "sejam resolvidas rapidamente", afirmou seu
advogado em comunicado.
O embaixador "concordou anteriormente em ser
ouvido voluntariamente, sem a necessidade de uma liminar, para responder às
perguntas" das comissões que conduzem a investigação, segundo seu
advogado. Rico empresário do setor hoteleiro, Gordon Sondland ajudou a
financiar a campanha e a cerimônia de posse de Donald Trump, de quem ele se
tornou próximo.
Gordon Sondland participou de trocas de SMS na
Ucrânia, entregues ao Congresso na semana passada pelo ex-enviado especial dos
Estados Unidos para a Ucrânia, Kurt Volker, que apoiou os democratas em suas
suspeitas. "O Congresso não apenas não tem conhecimento deste testemunho,
mas também somos informados de que o embaixador tem recados ou e-mails em um
celular que foi devolvido ao Departamento de Estado, embora o mesmo tenha sido
solicitado pela Justiça. E o Departamento de Estado também não libera essas
mensagens”, acusou Adam Schiff.
“Consideramos o fato de que ele não testemunha, e de
que esses documentos não nos são apresentados, como evidências adicionais de
uma obstrução dos poderes constitucionais do Congresso. E, impedindo-nos de
ouvir esta testemunha e obtendo esses documentos, o presidente e o secretário
de Estado agem para impedir que obtenham as informações necessárias para
proteger a segurança da nação. O povo norte-americano tem o direito de saber se
o presidente está agindo em seu interesse, no interesse da nação, com um olho
na segurança da nação, e não por seu pequeno interesse pessoal, completou o
presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados dos Estados
Unidos.
O presidente Trump escolhe endurecer a disputa com o
Congresso, em vez de deixar o diplomata testemunhar. Uma estratégia que pode
ser arriscada: ao fazê-lo, a Casa Branca é obviamente suspeita de querer
esconder evidências contra o presidente norte-americano.
Mas também permite que o presidente continue ganhando
tempo, segundo Anne Corpet, correspondente da RFI em Washington. Diante dessa
obstrução, o Congresso tem apenas um recurso para conseguir o que quer: ir a um
tribunal. E isso leva tempo.ANG/RFI
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