Líderes europeus
aprovam o acordo do Brexit em Bruxelas
Bissau, 18 out 19 (ANG) -
Os 27 países da União Europeia (UE) aprovaram na tarde de quinta-feira (17), em
Bruxelas, o novo acordo de saída do Reino Unido do bloco, concluído mais cedo
com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
"Estamos muito perto
do final do processo", declarou o presidente do Conselho Europeu, Donald
Tusk. O Parlamento britânico e o Parlamento Europeu devem agora ratificar o
pacto para que possa entrar em vigor.
A data do divórcio está prevista para o dia 31 de outubro.
Londres e Bruxelas buscavam uma maneira de garantir o comércio
fluído de produtos entre a Irlanda, país da União Europeia, e a província
britânica da Irlanda do Norte, sem a necessidade de reativar uma fronteira
física.
Desde o referendo que
escolheu o Brexit, em 2016, a delicada questão é o principal ponto de
discordância para a conclusão de um acordo.
O objetivo de Londres é preservar o tratado de paz que
acabou com décadas de conflito violento na Irlanda do Norte, entre unionistas
protestantes e republicanos católicos. Já os europeus querem proteger o mercado
único de uma concorrência desleal da Irlanda.
A Irlanda do Norte permanece no território aduaneiro do Reino
Unido. Para produtos de países terceiros entrarem na Irlanda do Norte
(como os Estados Unidos, com quem o Reino Unido está ansioso para concluir um
acordo de livre comércio), serão aplicados os direitos aduaneiros britânicos.
Por outro lado, se as
mercadorias (de países terceiros) se destinarem a entrar na UE, via Irlanda do
Norte, as autoridades do Reino Unido aplicarão a tributação da UE. Caberá aos
funcionários da alfândega britânica verificar os produtos quando entrarem na
província e aplicar o Código Aduaneiro da União.
A Irlanda do Norte mantém-se alinhada a um conjunto limitado de regras da UE,
incluindo as relativas a mercadorias, por exemplo, as regras sanitárias para
controles veterinários, as aplicáveis aos produtos agrícolas e o regime de
auxílios estatais. Se o Reino Unido estabelecer acordos de livre comércio com
outros países, a Irlanda do Norte será beneficiada.
A Assembleia da Irlanda do Norte (Stormont) terá uma voz decisiva sobre a
aplicação a longo prazo da legislação da UE neste território. Este
"mecanismo de consentimento" refere-se à regulamentação de
mercadorias e alfândegas, ao mercado único da eletricidade, ao IVA (imposto
sobre valor agregado) e aos auxílios estatais.
Na prática, significa que quatro anos após o final do período de
transição - no final de 2020, mas que provavelmente será prorrogado por no
máximo dois anos - a Assembleia poderá, por maioria simples, dar luz verde à
manutenção da aplicação do direito da União ou votar pelo seu abandono. Neste
último caso, o protocolo deixará de ser aplicado dois anos depois.
Quatro anos após a entrada em vigor do protocolo, os
representantes eleitos da Irlanda do Norte poderão decidir, por maioria
simples, continuar ou não a aplicar as regras da União na Irlanda do Norte.
Este foi o último ponto que bloqueava a conclusão de um acordo. Diz respeito ao
imposto a ser aplicado aos produtos de primeira necessidade, para que não haja
diferenças entre os impostos aplicados na província britânica da Irlanda do
Norte e na República da Irlanda, explicou Michel Barnier.
"Encontramos um
mecanismo para permitir uma coerência dos impostos", acrescentou o
negociador da UE.
Para evitar uma fronteira física entre os dois e proteger a
integridade do mercado único europeu, as regras da UE em matéria de IVA
continuarão a ser aplicadas na Irlanda do Norte. O serviço alfandegário do
Reino Unido será responsável pela aplicação e cobrança do IVA.
Como previsto anteriormente, o Reino Unido continuará a ser
membro da União Aduaneira Europeia e do mercado interno da UE durante o período
de transição, ou seja, pelo menos até o final de 2020 e, no mais tardar, até o
final de 2022. Este tempo será usado para negociar um acordo de livre comércio.
Em sua "declaração política" revisada sobre as
relações futuras, a UE promete um acordo "livre de direitos aduaneiros e
cotas". Em troca, Bruxelas exige "garantias" de Londres para
criar condições equitativas. O objetivo é impedir que o Reino Unido crie uma
espécie de "Singapura" às portas da União e que não respeite as
regras da UE em questões sociais, fiscais e ambientais.
Para alcançar o objetivo, o premiê Boris Johnson abandonou a
ideia de manter todo o Reino Unido sem barreiras alfandegárias com a União
Europeia depois do Brexit. As partes negociariam uma solução melhor, no âmbito de
um acordo de livre comércio.
O texto já provocou rejeição entre os deputados britânicos. O líder
do Partido Trabalhista, de oposição, pediu aos deputados que rejeitem o novo
acordo, por considerar que "a melhor maneira de resolver o Brexit é dar ao
povo a última palavra, em uma votação popular".
Aliados de Johnson no Parlamento, os unionistas norte-irlandeses
do partido DUP mantém a oposição já anunciada e afirmam que não votarão a
favor do acordo. O texto deve ser apresentado ao Parlamento britânico no sábado
(19).
ANG/RFI/AFP
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