Ofensiva na Síria gera onda de
reprovações na Europa
Bissau, 10 out 19 (ANG) - A
Turquia cumpriu as ameaças e realizou ataques aéreos nesta quarta-feira (9) na
região de Ras Al-Ain, no norte da Síria, fronteira com o território turco.
Ancara havia anunciado o
lançamento de uma ofensiva contra a milícia curda, em disparos que geram uma
onda de reprovação dos europeus.
A França solicitou uma
reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para debater a questão.
Os ataques aéreos e
disparos de artilharia atingiram a cidade de Ras al-Ain e seus arredores, de
acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). As forças
curdas sírias indicam que houve vítimas civis.
A operação militar contra
a milícia curda das Unidades de Proteção do Povo (YPG), apoiada por países
ocidentais, foi anunciada pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Ancara
considera a YPG um grupo terrorista e diz que seu objetivo é criar uma
"zona de segurança", destinada a receber refugiados sírios na Turquia
e separar a fronteira das posições das YPG.
Vários países demonstram
preocupação com as consequências humanitárias dessa ofensiva. A França afirmou
que condena “com muita firmeza” a intervenção militar.
“A França, a Alemanha e o Reino Unido estão
finalizando uma declaração conjunta que será extremamente clara no fato de que
condenamos muito fortemente e com muita firmeza [a operação]”, disse a
secretária de Estado para Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin.
O presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, exigiu o fim da ofensiva, que segundo ele “não
dará resultados”.
Juncker garantiu que
nenhum financiamento europeu será dado “para uma zona de segurança”, que a
Turquia planeja instalar.
“A Turquia tem problemas
de segurança na sua fronteira com a Siria, algo que nós compreendemos.
Entretanto, uma incursão vai exacerbar os sofrimentos dos civis”, argumentou o
líder da UE.
O governo alemão, por sua
vez, advertiu que a operação aumenta "o risco de "ressurgimento do
grupo terrorista Estado Islâmico" no país.
O presidente americano,
Donald Trump, afirmou na quarta-feira (9) que o envolvimento dos militares
americanos no Oriente Médio foi a "pior decisão já tomada" pelo país
e que ele estava garantindo o retorno seguro das tropas americanas.
Trump enfrenta uma reação
bipartidária desde um anúncio surpresa feito pela Casa Branca no domingo (6),de
que Washington estava retirando de 50 à 100 “operadores especiais” da
fronteira norte da Síria.
" Entrar no Médio
Oriente é a pior decisão já tomada na história de nosso país! Entramos em
guerra sob uma premissa falsa e agora não comprovada, As armas de destruição em
massa", tuitou o presidente em referência à invasão americana do Iraque em
2003.
"Não havia nenhuma !
Agora estamos trazendo lenta e cuidadosamente nossos grandes soldados e pessoal
militar para o lar. Nosso foco está no quadro geral! Os Estados Unidos são
maiores do que nunca!", completou, em seu tradicional estilo de escrita
nas redes sociais.
Trump lamentou os US$ 8
bilhões gastos nos combates e operações de vigilância no Oriente Médio e os
milhares de soldados americanos que morreram ou ficaram feridos nos conflitos.
Calcula-se que os Estados Unidos tenham entre 60.000 e 80.000 militares
destacados na área correspondente ao Comando Central dos EUA, que inclui
Afeganistão, Iraque e Síria.
Mais cedo, o presidente da
Rússia, Vladimir Putin, pediu ao turco Erdogan que refletisse antes de iniciar
qualquer ofensiva na Síria, informou o Kremlin em comunicado.
"Putin pediu às
autoridades turcas não impedir que esforços comuns para resolver a crise síria
fossem afetados", disse o comunicado, após uma conversa telefônica entre
os dois presidentes. Moscou é o maior apoio militar ao governo sírio desde o
início da guerra no país, em 2011.
Na conversa, Erdogan
afirmou que a ofensiva turca contra uma milícia síria curda trará "paz e
estabilidade" à Síria. "O presidente declarou que a operação militar
[...] abrirá o caminho para uma solução pacífica", disse uma fonte da
presidência turca.
Apesar de apoiarem lados
opostos na Síria, Rússia e Turquia aumentaram sua cooperação nos últimos anos.
No entanto, na terça-feira, Moscou pediu para Ancara evitar ações que possam
ser contraproducentes para uma possível resolução do conflito, no momento em
que um conselho constitucional foi formado na Síria. ANG/RFI/AFP
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