Costa negociará
nova coligação para garantir estabilidade do governo
Bissau, 07 out 19 (ANG) – O primeiro-ministro português, António
Costa, disse que o Partido Socialista sai reforçado das eleições legislativas
realizadas no domingo (6), com uma vitória incontestável de 36,6% dos votos,
porém sem obter a maioria absoluta no Parlamento.
Costa afirmou que vai iniciar negociações com os partidos de
esquerda para uma solução de governabilidade que garanta mais quatro anos de
“estabilidade", a palavra mais sublinhada no seu discurso de vitória.
O desempenho dos socialistas nas urnas foi quase dois pontos
inferior ao que indicavam as últimas pesquisas.
Costa abre a porta não só aos partidos que o acompanharam na
proposta de governo chamada de “geringonça” – o Partido Comunista e o Bloco de
Esquerda –, mas também aos partidos ecologista PAN, com quatro lugares no
Parlamento, e o Livre, que elegeu a sua primeira deputada, Joacine Moreira, de
origem africana, apresentando um programa de uma esquerda verde “antiracista e
antifascista”.
Os sociais-democratas do PSD sofreram uma grande derrota se comparada com a
votação registrada nas eleições de 2015, quando venceram o pleito mas não
conseguiram formar um governo, atingindo nestas eleições 27,9%.
Foram dez pontos a menos do que nas eleições precedentes.
O segundo partido da direita, o CDS-PP, sofreu uma derrota ainda
maior, conquistando apenas 4,5% dos votos. O revés fez a secretária-geral da
legenda, Assunção Cristas, anunciar sua demissão ainda no fervor da noite
eleitoral.
A abstenção de 45,5% dos eleitores com direito a voto foi a
maior da história democrática do país e chamou a atenção de vários políticos
para uma reflexão sobre o desinteresse do eleitorado.
De acordo com a historiadora Raquel Varela, “é muito preocupante
a evolução da abstenção entre 1975 – quando 95% dos portugueses se mobilizaram
para eleger a nova República – e os dias hoje”. Para a especialista, esse fato
não pode ser explicado só por “um bom domingo de praia ou pela ausência de
consciência sobre o valor universal da democracia”.
No seu discurso, António Costa deixou bem claro que “não quer
contar para nada” com o partido de extrema direita Chega, que entra para o
Parlamento português com a eleição de um deputado.
O fundador do partido Livre, Rui Tavares, declarou estar
preocupado com o fato da extrema direita chegar à Assembleia da República,
apelando a um “exame de consciência”, apesar de a esquerda ter se afirmado
ainda mais no cenário político português. Por outro lado, o líder do Chega,
André Ventura, apelou "à calma", garantindo que o seu partido é
democrático e "não há razões para alarme".
ANG/RFI
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