sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Sociedade


Detenção de académico guineense em Cabo Verde provoca protestos em Bissau

Bissau, 04 Out 19 (ANG) Alguns cidadãos guineenses protestaram hoje em frente ao consulado de Cabo Verde em Bissau,a detenção do cidadão guineense, Jorge Fernandes pelas autoridades aduaneiras caboverdianas no aeroporto Nelson Mandela, na cidade de Praia.

O professor universitário guineense foi detido nos dias 1 e 2 de outubro na sequência  de uma decisão das autoridades caboverdianas.

Em declarações à ANG, o porta-voz do grupo, disse que decidiram fazer uma vigília a frente do Consulado cabo-verdiano em Bissau para exigir deste país, o respeito pelo Estado da Guiné-Bissau, sendo um país que deu a independência à Cabo-Verde por isso exige-se respeito mútuo.

Seco Duarte Nhaga disse que se os cabo-verdianos tratam muitos bem cidadãos de outros países, deviam fazer muito mais em relação a Guiné-Bissau e o seu povo.

“Por isso, exigimos que as autoridades cabo-verdianas dêem início a um processo de inquérito imediato para responsabilizar os actores desse acto bárbaro”, apelaram.

Duarte Nhaga disse que caso as suas reivindicações não forem atendidas pelas autoridades cabo-verdianas vão reservar o direito de entrar com uma acção judicial junto do Tribunal dos Países da Comunidade Económica do Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Questionado se contactaram o Consulado cabo-verdiano antes da vigília uma vez que este considera de estranho o acto, Seco Duarte Nhaga disse que não, tendo frisado que foi uma manifestação espontânea dos cidadãos e não estão aí para conversar com autoridades cabo-verdianas.

“Há responsáveis para isso, só se está a manifestar a indignação e exigir respeito para com os cidadãos guineenses por parte das autoridades cabo-verdianas”, afirma.

Nhaga pediu as autoridades nacionais a representarem o Estado com dignidade.

 “As nossas autoridades devem assumir as suas responsabilidades, através de uma diplomacia forte junto das autoridades de Cabo-Verde para efectivamente fazer respeitar o nosso Povo e o Estado, uma vez que a questão não é o Jorge Fernandes, mas sim a dignidade do homem guineense”, disse.

De acordo com o porta-voz dos jovens, o visado estava em Cabo-Verde de trânsito para o Brasil onde iria defender a tese de doutorado, e segundo ele, o que ouviram é que Jorge foi abordado pelo serviço de Migração e Fronteiras daquele país sem nenhuma justificação.

Explicou que depois de lhe questionado sobre o objectivo da sua ida ao Brasil e ele depois de explicar todos os detalhes, continuaram com o interrogatório só por preconceito de ele ter cabelos “rasta” ou seja “aquela ideia de que todos os rasta-men são delinquentes”.

Para Nhaga, o tratamento foi altamente desumano, bárbaro que atenta gravemente contra os direitos humanos, e Cabo-Verde anda pelo mundo a vangloriar que é um Estado que respeita esses direitos, quando na verdade é o contrário.

A ANG tentou ouvir em vão a reacção da Cônsul de cabo-Verde em Bissau.

Os manifestantes exibiam cartazes com frases como “Guiné-Bissau não é lixo”, Cabo Verde não é a Europa”, “são livres e independentes graças a Guiné-Bissau”, entre outros.ANG/MSC/ÂC//SG

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