Gestão
macroeconómica enfraqueceu e políticas de inclusão social melhoraram em 2018
Bissau, 22 ago 19 (ANG) - Os países
mais pobres de África viram pouco ou nenhum progresso em média na melhoria da
qualidade das suas políticas e quadros institucionais em 2018, de acordo com a
última Avaliação Institucional e das Políticas Nacionais (CPIA) anual do Banco
Mundial , divulgada em Julho.
Sede do Banco Mundial |
Segundo um comunicado
à imprensa do Banco Mundial, a pontuação média na CPIA dos 38 países elegíveis
da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) em África em 2018
permaneceu inalterado em 3,1 numa escala de 0 a 6, com algumas áreas da
política social a registarem melhorias ao mesmo tempo que a gestão
macroeconómica enfraquecia.
O estado de direito,
a responsabilização e a transparência, bem como a qualidade da administração
pública, continuaram a ser áreas importantes que impedem a utilização eficaz
dos recursos públicos em toda a região.
O relatório da CPIA
para África deste ano analisa mais de perto a gestão da dívida, uma vez que o
rácio dívida pública/PIB atingiu 54,9 porcento do PIB em 2018, um aumento de
18,5 pontos percentuais desde 2013.
Ao mesmo tempo, a
percentagem das obrigações em moeda estrangeira no total da dívida externa
aumentou 10%, enquanto que a participação das dívidas a credores comerciais e
não-participantes do Clube de Paris aumentou 5 pontos percentuais desde 2010, e
as emissões de obrigações soberanas aumentaram rapidamente.
"Alguns países africanos estão
em risco de hipotecar o futuro das suas populações em favor do consumo de hoje",
disse Albert Zeufack,
Economista-chefe para a África do Banco Mundial. "Quando
os países gastam a maior parte das suas receitas com o serviço da dívida,
sobram menos recursos para a educação, saúde e serviços essenciais para as suas
populações. Isto faz parar o progresso."
Em conjunto, o
aumento dos níveis de endividamento, juntamente com a mudança da dívida externa
para fontes de financiamento mais baseadas no mercado, mais caras e mais
arriscadas, aumentaram substancialmente as vulnerabilidades da dívida entre os
países da AID na África Subsaariana.
O relatório recomenda
que os países melhorem as suas capacidades e sistemas de gestão da dívida, o
que pode aumentar a transparência e ajudar a estabilizar a economia a longo
prazo.
O Ruanda continua a liderar as
classificações na CPIA, tanto em África como em todo o mundo, com uma pontuação
de 4,0, seguido, na região, por Cabo Verde (3,8) e Quénia, Senegal e Uganda
(todos com 3,7).
O Sudão do Sul continuou a ser o país
com a pontuação mais baixa na CPIA, com uma pontuação de 1,5.
Os países frágeis da África Subsaariana
melhoraram ligeiramente nos domínios da igualdade de género, do desenvolvimento
humano e da estabilidade ambiental, o que constitui um bom presságio para a sua
capacidade de combater os fatores de conflito e exclusão. De facto, os países
frágeis de África tiveram um desempenho mais forte em matéria de inclusão
social do que os países frágeis de outras partes do mundo.
Os países africanos da AID não-frágeis
tiveram um desempenho semelhante ao dos seus pares globais, com a exceção
notável das políticas de inclusão social, onde tiveram um desempenho inferior,
especialmente na questão da igualdade de género.
"Os melhoramentos na inclusão
social e na prestação de serviços têm sido historicamente elementos cruciais
para que os países saiam de uma situação de fragilidade, pelo que mesmo alguns
passos modestos são importantes",
disse Gerard Kambou, Economista
Sénior e principal autor do relatório da CPIA."Os países
africanos, frágeis e não frágeis, precisam de manter o foco nas questões de
género, educação, saúde, clima e governação, juntamente com a gestão
macroeconómica, se quiserem ter progressos verdadeiros e duradouros."
O relatório recomenda
que os países africanos da AID acelerem as reformas da regulamentação aplicável
às empresas para apoiar o desenvolvimento do sector privado e melhorar a
mobilização das receitas internas, para além de reforçarem a sua gestão da
dívida. A equipa do relatório planeia organizar discussões sobre os resultados
e recomendações deste ano em vários países africanos em setembro de 2019.
A Associação
Internacional de Desenvolvimento (AID) do Banco Mundial , criada em 1960,
ajuda os países mais pobres do mundo através de doações e empréstimos com juros
baixos ou sem juros para projetos e programas que impulsionam o crescimento
económico, reduzem a pobreza e melhoram a vida das pessoas pobres.
A AID é uma das maiores
fontes de assistência aos 75 países mais pobres do mundo, 39 dos quais se
situam em África. Os recursos da IDA trazem uma mudança positiva para 1,6 mil milhões de pessoas que vivem nos países da
AID. Desde 1960, a AID tem apoiado trabalhos relacionados como o
desenvolvimento em 113 países.
Os compromissos anuais atingiram em
média cerca de $21 mil milhões nos últimos três anos, com cerca de 61 porcento
a ir para África. ANG/BM
Sem comentários:
Enviar um comentário