sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Colômbia


                  Ex-chefes rebeldes anunciam regresso às armas
Bissau, 30 ago 19 (ANG) - O ex-número 2 da rebelião das FARC, Ivan Marquez que voltou para a clandestinidade há um ano, anunciou num vídeo difundido na plataforma YouTube, que ele retoma as armas ao lado de outros líderes da antiga rebelião.
Marquez diz que volta a pegar em armas por considerar que o governo não tem respeitado o acordo de paz concluído em 2016 e que tinha conduzido ao desarmamento de cerca de 7 mil combatentes assim como à conversão do movimento em partido político.
"A modificação unilateral do texto do acordo, a não-aplicação dos seus compromissos por parte do Estado, as montagens judiciais e a insegurança obrigam-nos a retomar a guerrilha" lançou Ivan Marquez ao acusar de "duplicidade" o executivo de direita do Presidente Ivan Duque, em funções desde 2018, que nunca escondeu a sua hostilidade aos moldes do acordo validado pelo seu antecessor Juan Manuel Santos.
 "Nunca fomos vencidos, nem desarticulados ideologicamente, é por isso que a luta continua", acrescentou ainda o antigo número 2 da rebelião neste vídeo de cerca de meia hora em que aparece juntamente com mulheres e homens armados, assim como outros antigos responsáveis que regressaram à clandestinidade há alguns meses, um antigo líder da guerrilha, Hernan Dario Velasquez e um dos antigos negociadores do acordo de paz, Jesus Santrich, procurado pela justiça americana por alegado tráfico de droga.
No referido vídeo, Ivan Marquez indicou ainda que o seu grupo vai procurar coordenar-se com outra guerrilha, a ELN que ainda recentemente, no passado 22 de Janeiro, reivindicou um atentado contra a escola da polícia da capital que causou 22 mortos.
Este movimento que continua activo tem vindo a reforçar-se nos últimos anos, tendo passado de 1.800 a 2.300. Do lado das antigas FARC, até agora não se sabe ao certo quantos guerrilheiros poderiam retomar o combate.
Sabe-se apenas que 2.300 nunca chegaram a sair das matas, havendo  informações militares referindo que estes grupos dissidentes se dedicam essencialmente ao narcotráfico e à exploração mineira clandestina.
O anúncio feito quinta-feira por este grupo dissidente das FARC causou choque na Colômbia, contudo não parece ter surpreendido o executivo de Ivan Duque que pouco depois de lamentar esta decisão anunciou uma ofensiva contra os ex-guerrilheiros.
Por sua vez, ao apelar à "repressão dos desertores", o antigo Presidente colombiano Juan Manuel Santos preferiu relativizar a alçada desta decisão, considerando que "90% das FARC permanecem comprometidas com a paz".
Apesar de o actual Presidente colombiano ter visto a sua tentativa de alterar o Acordo de Paz ser chumbada pelo Tribunal Constitucional no passado mês de Junho, a aplicação do texto não tem sido totalmente efectiva.
Este compromisso previa nomeadamente subvenções para os camponeses efectuarem a transição da cultura da coca que alimentou as guerrilhas, para culturas legais.
Nos últimos meses, muitos teceram alertas sobre a demora das subvenções e também em torno da insegurança que continua a reinar em meio rural.
O partido das FARC, quanto a si, denuncia assassinatos de antigos rebeldes, 135 no total desde 2016. Ainda recentemente, no passado 9 de Julho, antigos rebeldes, Weimar Galíndez Daza e Luis Carlos Yunda Corrales foram mortalmente baleados.
Neste contexto, para Cristina Matias, artista plástica portuguesa radicada há mais de 30 anos em Bogotá, esta notícia não é surpreendente. ANG/RFI

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