Junta Militar
elege Mariano Nhongo líder da Renamo
Bissau, 21 ago 19 (ANG) - O major-general Mariano
Nhongo foi na segunda-feira eleito presidente da Renamo, pela Junta Militar,
composta por dissidentes, que rejeitam a liderança de Ossufo Momade e pretendem
negociar com o governo o processo de DDR.
Mais de 80 membros da auto-proclamada Junta Militar da
Renamo, composta por antigos guerrilheiros que contestam a presidência de
Ossufo Momade, elegeram o Major-general Mariano Nhongo para presidente
interino do maior partido da oposição.
Mariano Nhongo era candidato
único e foi eleito no último dia do
conselho nacional extraordinário, convocado pela Junta Militar, por ele criada,
que decorreu numa base do grupo, situada na região de Piro, nas proximidades da
serra da Gorongosa, na província de Sofala.
O Major-general
Mariano Nhongo de 49
anos nasceu em Chemba, na província de Sofala e integrou a Renamo
em 1981, na qual se tornou num dos mais
relevantes oficiais do braço armado do partido durante a presidência de Afonso
Dhlakama.
Mariano Nhongo integrou
a Equipa Militar de Observadores Internacionais na Cessação de Hostilidades
Militares em Outubro de 2014 e dirigiu a equipa responsável pela segurança do
seu então líder Afonso Dhlakama, de quem foi responsável pela segurança.
"Se
eu sou presidente da Renamo,
já estou a tomar posse, não vou fazer brincadeira, vou defender o partido de
toda a maneira...querem ver força, também vou usar a força...ninguém é
nascido presidente, eu
posso dirigir o país...se o
governo não está a entender, nós vamos usar a força...Ossufo [Momade] e [André] Magibire (secretário
geral da Renamo)...estão a enganar o povo e estão a mentir".
O grupo que se descreve como uma estrutura militar da
Renamo "entrincheirada nas matas" com 11 unidades provinciais, ameaça acções militares se o governo
moçambicano rejeitar renegociar com eles todo o processo de DDR e pede a
intervenção de Portugal, Ruanda e da Cruz Vermelha.
Vai ser criado um grupo de contacto, para dialogar com o governo e renegociar o
processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração - DDR -
do antigo braço armado da Renamo, dado que este grupo de militares dissidentes
acusa Ossufo Momade de ter rubricado o Acordo de Paz em Maputo a 6 de Agosto sem ter consultado os guerrilheiros
e os orgãos da Renamo.
Segundo João
Machava porta-voz da Junta Militar e comandante provincial das
forças residuais da Renamo em Inhambane, nem a Comissão Política, nem o
Conselho Nacional, nem a bancada parlamentar da Renamo, conhecem os termos
do Acordo de Paz, que entre 21 e 23 de Agosto deverá ser discutido no
parlamento e transformado
em leie que segundo os contestatários exclui mais de metade dos
guerrilheiros do processo de reintegração.
A proposta de lei do Acordo de Paz prevê o desmantelamento das bases da Renamo até 21 de
Agosto, mas João Machava
acusa Ossufo Momade de traidor e afirma que o presidente
interino Mariano Nhongo vai falar
com a bancada parlamentar da Renamo, para que não seja aprovado o Acordo de Paz.
"movimentar
todos os efectivos para bases
seguras, considerando que o traidor Momade entregou as coordenadas das bases ao inimigo...mandar
libertar e se for necessário à força, os nossos militares correntemente presos
por ordens do traidor
Ossufo...exigir o adiamento das
eleições marcadas para 15 de Outubro de 2019...O
presidente [interino] vai falar com a bancada da Renamo
para não aprovar o Acordo de Paz
de 6 de Agosto, uma vez aprovado...já aprovaram a guerra",
disse Machava. ANG/RFI
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