Justiça ordena desembarque dos migrantes do navio da
Open Arms
Bissau, 21 ago 19 (ANG) - O Ministério Público italiano
determinou terça-feira (20) o
desembarque de cerca de 90 migrantes a bordo do navio da ONG espanhola Open
Arms na ilha de Lampedusa.
Segundo comunicado, a decisão foi tomada pelo promotor de
Agrigento, Luigi Patronaggio, após uma inspeção da polícia judiciária e dois médicos
na embarcação humanitária, que aguardava por uma decisão há 19 dias.
Patronaggio determinou que os migrantes desembarquem nas
próximas horas em solo italiano. A decisão foi anunciada pouco depois que um
navio militar sair de Espanha, terça-feira em direcção à embarcação da Open
Arms para o resgate de cerca de 90 pessoas.
"A situação no barco é explosiva, de máxima urgência",
reconheceu o promotor de Agrigento. Patronaggio também tomou a decisão de abrir
uma investigação por sequestro de pessoas, omissão e recusa de ajuda oficial.
Para o ministro do Interior, a decisão o visa diretamente.
"Se alguém acha que vai me assustar com a enésima denúncia e abertura de
processo, engana-se. É uma piada convencer a Espanha a enviar um navio
para fazer os migrantes desembarcarem na Itália e julgar o ministro do
Interior que continua a defender as fronteiras do país", publicou o líder
da extrema direita italiana em seu Twitter.
Cerca de 15 migrantes que estavam a bordo do navio humanitário
da Open Arms se atiraram no mar na terça-feira, sem coletes salva-vidas,
para tentar chegar a nado a Lampedusa.
A embarcação estava bloqueada a cerca de um quilômetro da costa
da ilha nas águas italianas, proibida
pelo governo da Itália de ancorar em qualquer porto do país.
A Open Arms recolheu mais de 140 migrantes à deriva na costa da
Líbia, mas os menores e doentes puderam ser retirados do navio nos últimos
dias. Restam cerca de 90 pessoas na embarcação onde a situação sanitária é
calamitosa, ressalta há vários dias a ONG. "A situação está fora de
controle", publicou a Open Arms em sua conta no Twitter.
O governo espanhol enviou nesta terça-feira um navio militar
para resgatar os migrantes. Madri já havia proposto no domingo (18) que a
embarcação humanitária atracasse em Algeciras, no sul, ou nas ilhas Baleares,
no oeste. Mas, para a ONG, a operação era "absolutamente
irrealizável". Devido à distância, seriam necessários mais três dias de
navegação, uma espera "insustentável", segundo os ativistas.
Há vários dias, seis países europeus - França, Alemanha,
Luxemburgo, Portugal, Romênia e Espanha - anunciaram que vão receber os
migrantes do navio da Open Arms. Ainda assim, o ministro italiano do Interior,
Matteo Salvini, continuava inflexível sobre a proibição de acolher a embarcação
em um porto do país.
O destino dos migrantes suscitou trocas de farpas entre a
Espanha e Salvini, acusado de querer tirar proveito político do caso em plena
crise política em Roma. "A firmeza é a única maneira de impedir que a
Itália se torne novamente o acampamento de refugiados da Europa, como demonstra
o barco da ONG espanhola cheia de falsos doentes e falsos menores",
publicou o líder da extrema direita italiana no Twitter. ANG/RFI
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