Maduro suspende
negociações com oposição após sanções dos EUA
Bissau, 08 ago 19 (ANG) - O presidente Nicolás Maduro
anunciou na quarta-feira (7) que a delegação chavista não vai participar das
reuniões com a oposição venezuelana mediadas pela Noruega.
A rodada dos diálogos estava prevista para acontecer
nesta quinta (8) e sexta-feira (9) na ilha caribenha de Barbados.
O chefe de Estado venezuelano tomou esta drástica
decisão em represália às recentes sanções ordenadas por Washington para
congelar todos os ativos da Venezuela nos Estados Unidos.
As reuniões entre ambos os grupos deste polarizado
país começaram há cerca de dois meses e são mantidas em sigilo. A próxima
rodada estava prevista para acontecer entre hoje e amanhã.
Através de um comunicado oficial, o governo de Maduro
informou que “a Venezuela se dispõe a revisar os mecanismos desse processo para
que sua continuação seja realmente efetiva e harmônica com os interesses do
nosso povo”.
Nicolás Maduro participou na noite de quarta-feira do
programa de TV de Diosdado Cabello, o segundo homem forte do chavismo, e
afirmou que será ativada uma contraofensiva aos Estados Unidos através da
Assembleia Constituinte, também chamada de Assembleia Chavista. Segundo o
presidente, “justiça será feita”.
“Querem brigar? Vamos brigar! Já chega!”, disse
Maduro. O chefe de Estado convocou para sábado (10) um protesto mundial contra
a decisão de Washington. Desde 2014 pelo menos 105 pessoas e cerca de 60
entidades ligadas ao chavismo foram sancionadas pelos Estados Unidos.
A decisão de Maduro de suspender o diálogo com a
oposição pegou muitos de surpresa. Sobretudo porque na terça-feira (6) o
chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, havia garantido que o chavismo não se
levantaria da mesa de diálogos. Já o conselheiro de Segurança dos Estados
Unidos, John Bolton garantiu que o tempo das negociações já passou, ressaltando
que os diálogos são apenas uma “velha prática para ganhar tempo e continuar no
poder”.
Na quarta-feira, a Suíça anunciou sanções diretas a
pelo menos 18 autoridades do chavismo, como a vice-presidente venezuelana,
Delcy Rodríguez, o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno, o
presidente da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello, o procurador geral
Tarek Wilian Saab, entre outros. Além disso, Brasília, através do Ministério
das Relações Exteriores e do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em
breve divulgará uma lista com nomes do alto escalão do chavismo que serão
proibidos de entrar no Brasil.
O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, enfatizou, ao
participar da Conferência Internacional pela Democracia na Venezuela, realizada
na terça-feira na capital peruana, que “quem defende a liberdade e a dignidade
humanas só tem uma opção: fora Maduro”. No entanto, apesar das fortes críticas
ao governo venezuelano, a União Europeia declarou estar contra a “aplicação
extraterritorial de medidas restritivas” como as impostas pelos Estados Unidos
por causa da crise vivida na Venezuela.
O presidente Nicolás Maduro garante que a punição terá
consequências diretas no abastecimento de alimentos e de remédios, os
pontos fracos da sociedade venezuelana, que por anos sofre com a escassez. No
entanto, a maioria dos produtos importados vem de variados países – e não dos
Estados Unidos.
O autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó,
cujo governo é apoiado por Washington, afirma que as sanções não terão
consequências diretas na importação de alimentos e de remédios. John Bolton
garantiu que o bloqueio é “contra o regime madurista e não contra os
venezuelanos”.
Já a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez,
divulgou nas redes sociais, na tarde de terça-feira, que estava retido no Canal
do Panamá um barco com cerca de 25 mil toneladas de soja para a produção de
comida.
Segundo ela, a
proibição à passagem da embarcação teria sido causada pelo bloqueio imposto
pelos Estados Unidos. ANG/RFI
Qs ee.uu demostram que são donos do mundo è el que manda mais.
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