Moçambique/PR diz que guerra contra terrorismo entrou em fase "decisiva"
Bissau, 04 Fev 22(ANG) - O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse quinta-feira que a luta contra "o terrorismo" entrou numa fase "decisiva" no norte do país, assinalando que a acção militar das forças conjuntas permitiu a intensificação do cerco e perseguição dos grupos armados.
"Este ano, celebramos esta efeméride num momento decisivo na luta contra o terrorismo que ocorre nos distritos do norte desta província de Cabo Delgado", afirmou Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano falava durante o discurso alusivo às comemorações do Dia dos Heróis Nacionais, na sede do distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, e que contou com o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, como convidado de honra.
As
acções militares das Forças de Defesa e Segurança (FDS), grupos paramilitares
de voluntários, a missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da Africa
Austral (SADC) e das tropas do Ruanda permitiram o cerco e a perseguição dos
grupos armados, acrescentou Filipe Nyusi.
"Nesta
luta, continuamos a ter heróis anónimos, os melhores filhos desta pátria, que
dia e noite e juntos com outros jovens dos países irmãos da SADC e do Ruanda,
entregam as suas vidas para assegurar a integridade do nosso país e o
estabelecimento da paz e da tranquilidade", enfatizou Nyusi.
Os
insurgentes que protagonizam ataques em Cabo Delgado, prosseguiu, são uma
ameaça à liberdade, tranquilidade e desenvolvimento de Cabo Delgado e de todo o
país.
Evocando
o facto de estar a discursar ao lado de um monumento em memória aos combatentes
da guerra contra o colonialismo português, Filipe Nyusi apelou aos moçambicanos
para se inspirarem na bravura dos heróis que lutaram pela independência do país
em 1975.
"A
partir desta terra, os moçambicanos deram passos decisivos e galvanizaram o
acender da chama para que hoje fôssemos independentes", enfatizou.
O
chefe de Estado moçambicano assegurou que as autoridades estão empenhadas na
criação de condições para o regresso da população para as zonas recuperadas dos
grupos rebeldes.
"'Nós
não nascemos para viver em tendas'", disse Nyusi, reproduzindo o que disse
ser os desabafos das populações acolhidas em centros de deslocados de guerra.
Referindo-se
ao actual momento da pandemia de covid-19, Filipe Nyusi frisou a importância da
vacinação e das medidas de prevenção de covid, observando que a pandemia a ser
continua um desafio, apesar da redução do número de infecções e de óbitos nas
últimas semanas no país.
Falando
nas comemorações do Dia dos Heróis Nacionais, o Presidente sul-africano
destacou o apoio de Moçambique na luta contra o antigo regime racista do
"apartheid" na África do Sul, assinalando a unidade entre os dois
povos.
"Os
heróis moçambicanos entenderam que Moçambique nunca estaria livre sem a
liberdade da África do Sul e, por isso, o povo sul-africano é eternamente grato
ao povo irmão de Moçambique", frisou Cyril Ramaphosa.
Ramaphosa
está em Moçambique para visitar as tropas da missão militar da SADC envolvidas
no combate aos grupos armados na região norte do país lusófono.
O
Estado moçambicano consagrou o dia 03 de Fevereiro como Dia dos Heróis em
homenagem ao fundador da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido
no poder, Eduardo Mondlane, assassinado nesta data em 1969.
Mondlane
morreu quando uma bomba escondida num livro que tinha nas mãos explodiu.
A
Frelimo atribuiu o atentado à Polícia Internacional e de Defesa do Estado
(PIDE), entidade do regime colonial português.
A
escolha do distrito de Mueda para as comemorações do Dia dos Heróis deve-se ao
facto de em 16 de Junho de 1960 a polícia colonial portuguesa ali ter aberto
fogo contra pessoas que contestavam a dominação colonial, matando cerca de 600
pessoas.
A
província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017
por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista
Estado Islâmico.
O
conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de
conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades
moçambicanas.
Desde Julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes. ANG/Angop
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