UA/Comissária Sacko alerta para crise alimentar em África
Bissau, 11 Out 22 (ANG)- A Comissária da UA, Josefa Correia
Sacko, d
estacou, segunda-feira, a
necessidade de o continente africano agir com urgência para responder à
crise de insegurança alimentar e nutricional, para evitar o sofrimento de mais
de 278 mil milhões de pessoas.
A diplomata, que
interveio na conferência de alto nível sobre segurança alimentar e
nutricional, afirmou que são necessárias acções rápidas e decisivas para
melhorar a situação de abordagem dos principais desafios sistémicos deste
fenónemo, aproveitando o tema do ano da União Africana 2022 sobre a construção
de resiliência em nutrição e segurança alimentar.
Josefa Sacko disse
que África está, sem dúvida, a enfrentar uma das crises alimentares
mais alarmantes em décadas, mesmo antes da invasão da Ucrânia pela
Rússia, devido a crescente frequência e gravidade dos choques climáticos e
conflitos regionais que interromperam a produção e distribuição de
alimentos.
Conforme a diplomata, a
pandemia do Covid-19 causou o aumento da insegurança alimentar e da pobreza no
continente e as medidas adoptadas para combater a pandemia e as consequências
económicas afectaram profundamente todos os países africanos.
Neste
particular, fez saber que o corno de África é o
mais afectado por esta crise da fome, incluindo a região do
Sahel que enfrenta a sua pior crise alimentar em 10 anos, com mais de 27
milhões de pessoas passando fome.
“De facto, podemos
esperar não apenas fome, mas também agitação social em muitas partes de África,
se não agirmos agora”, sustentou a comissária.
Josefa Sacko afirmou que
uma catástrofe está a se desenrolar nesta região, que sofreu quatro episódios
consecutivos de seca severa.
A Organização
Meteorológica Mundial prevê uma quinta temporada chuvosa consecutiva falhada
por causa das condições mais secas do que a média esperada para Outubro a Dezembro
do corrente, agravando ainda mais a crise.
“A Etiópia, Quénia e
Somália representam 2% da população mundial, mas esses três países abrigam 70%
da insegurança alimentar mais extrema do mundo. As equipas no terreno relatam
que as pessoas já estão a morrer de fome”, lamentou.
Afirma que o apoio
de curto e médio prazo deve ser programado de forma a levar a uma transformação
sustentável da agricultura e dos sistemas alimentares para fortalecer a
resiliência, reduzir as necessidades humanitárias e a dependência das
importações, aumentar a produção local sustentável e diversificar as culturas.
De acordo com as últimas
estatísticas da edição de 2022 do Estado da Insegurança Alimentar no Mundo
(SOFI 2022), uma em cada dez pessoas no Mundo, até 828 milhões, passa
fome.
Estimativas recentes
para a África mostram que a fome crónica afectou 278 milhões de pessoas, em
2021, correspondendo a 20% da população, em comparação com apenas 10%
globalmente e um aumento de 50 milhões de pessoas desde 2019.
Os números comparáveis para
outros continentes são 9,1% na Ásia, 8,6% na América Latina e Caribe, 5,8% na
Oceania e menos de 2,5% na América do Norte e Europa. O relatório também mostra
que 80% dos africanos não podem pagar uma dieta saudável diariamente tendo a
prevalência de insegurança alimentar maior entre as mulheres do que
entre os homens.
A União Africana, como
principal órgão intergovernamental de África, introduziu uma série de medidas
para mitigar a crise, além de prestar apoios financeiros, contando com a
parceria do Fundo Africano de Desenvolvimento Alimentar de Emergência de 1,5
mil milhões de dólares.
Entre os parceiros
consta ainda a plataforma de intercâmbio comercial de África (ATEX), que
vai contribuir com 4 mil milhões, o Banco de Importação de Exportação da
África e o Programa de Resiliência de Sistemas Alimentares do Banco Mundial,
com 2,3 mil milhões para a África Oriental e Austral.
A conferência está a ser
organizado pela União Africana, a Federação Internacional da Cruz
Vermelha, o Banco Africano de Desenvolvimento e a Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e a Agricultura. ANG/Angop
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